Após divergências, a Turquia aceitou apoiar os pedidos de adesão da Finlândia e da Suécia à Organização do Tratado do Atlântico Norte, a OTAN.

Para entrar na aliança, o país aspirante precisa obter consenso de todas as nações já pertencentes à organização. Antes, os pedidos haviam sido vetados porque o governo turco acusava os países nórdicos de abrigarem uma organização considerada terrorista, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão. Além disso, a Turquia também acusava a Suécia e a Finlândia de adotarem um bloqueio de armas contra o governo de Ancara pelo conflito militar na Síria.

No entanto, estas questões foram superadas. Agora as próximas etapas incluem conversas entre os países membros e os candidatos e a assinatura formal do protocolo de adesão.Depois, os países candidatos precisam aderir ao Tratado de Washington, um dos documentos principais na fundação da OTAN. Esse processo demora no mínimo um ano para acontecer, mas com as tensões diplomáticas e os conflitos entre a Rússia e a Ucrânia, esse tempo pode ser menor.

Para Alexis Toríbio Dantas, professor de Ciências Econômicas da UERJ, o principal motivo desse pedido de adesão é a iniciativa de isolar a Rússia.

“A adesão da Suécia e da Finlândia se refere basicamente a países neutros, ou seja, que não assumem posição nem pela OTAN nem quando há uma situação de guerra. É uma clara demonstração que a tentativa de isolar a Rússia do ponto de vista geopolítico, vai avançando, essa que é a questão. Do ponto de vista militar, as duas pouco importam, se elas ocuparem bases da OTAN, e isso não é obviamente pra agora, demora tempo, provavelmente anos. Se é que eles vão efetivamente aderir ao tratado, é muito mais uma demonstração de avanço e isolamento da Rússia no que se refere a essa questão internacional.”

Em relação à segurança, um dos principais motivos para o pedido de adesão da Finlândia e da Suécia é o Artigo 5 do Tratado do Atlântico Norte, que garante a proteção de qualquer nação participante da OTAN. Para o professor, as principais mudanças causadas pela adesão dos dois países não seriam em gastos militares, mas uma questão de representação territorial.

“No caso desses países, só a Suécia que tem que se adequar, a Finlândia já tem um gasto semelhante a esse mas na verdade é porque o gasto absoluto da Finlândia é muito pequeno, então 2% é muito pouco. Na verdade, é mais uma ação geopolítica do ponto de vista de representação territorial do que do ponto de vista militar.”

Do Rio de Janeiro para a Rádio Uerj, Beatriz Arasanoli.