O Ambulatório de Transdiversidade da Uerj completou dois anos no dia 17 de maio. Como parte das comemorações, realizou o “II Seminário Identidade – Transdiversidade”, focado na discussão de políticas de atenção à saúde das pessoas trans. Além disso, lançou no Youtube a minissérie documental “Prelúdio”. O primeiro episódio está disponível no canal “Ambulatório Identidade – Transdiversidade Uerj”.

O Identidade, localizado na Policlínica Piquet Carneiro da Uerj e no Hospital Universitário Pedro Ernesto, foi criado com os propósitos de oferecer orientação, tratamento e acompanhamento à população transsexual, transgênero e travesti do Rio de Janeiro. Começou como um projeto de pesquisa voltado para as pessoas já atendidas no Hupe e, em agosto de 2022, passou a ser regulado pela Secretaria Estadual de Saúde.

A assistência ambulatorial às pessoas trans é oferecida no Hupe desde 2003, mas foi em 2008 que a instituição conseguiu a habilitação tanto na modalidade clínica quanto cirúrgica. Marcia Brasil, assistente social e coordenadora técnica ambulatorial da unidade de Atenção Especializada do Processo Transexualizador, destaca a importância do ambulatório.

“O ambulatório Identidade tem sido um marco dentro do Hospital Pedro Ernesto de assistência. Mas ele também tem sido um marco na formação profissional, porque dentro do ambulatório a gente tem profissionais em formação.”, aponta Marcia.

A criação do ambulatório colocou em prática a portaria número 2.803, de 2013, do Ministério da Saúde, que redefiniu e ampliou o Processo Transexualizador no SUS. Já em 2019, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia fez um posicionamento sobre a medicina diagnóstica inclusiva para o cuidado de pacientes transgêneros.

Antes do Identidade, o acompanhamento no Hupe era focado em apenas uma especialidade, pois não existia uma organização e adesão de outros profissionais. O suporte ficava restrito à urologia com a finalidade cirúrgica.

Hoje a assistência é multiprofissional com mais de dez especialidades, como Endocrinologia, Ginecologia, Urologia, Fonoaudiologia, Psicologia, Psiquiatria, Serviço Social, Dermatologia, Enfermagem, Advocacia, Pedagogia, Educação Física, entre outros. O atendimento inicial é feito pelas Clínicas da Família; em seguida, os pacientes são encaminhados para uma fila e, por fim, para o ambulatório.

Apesar da importância do ambulatório, Marcia Brasil destaca que muitos profissionais não recebem o salário pelo trabalho realizado por falta de financiamento do governo.

“É importante dizer que o projeto que foi encaminhado para a Secretaria [Estadual] de Saúde não foi financiado, não foi aceito, mas essas pessoas já estavam muito envolvidas, já estavam gostando muito do que estavam fazendo e permaneceram no ambulatório ainda que sem receber salários pelo trabalho que elas fazem.”, ressalta Marcia.

Para a coordenadora ambulatorial, o espaço é uma vitória para toda sociedade.

“Eu acho que foi um ganho a entrada desse ambulatório. Foi um ganho para a população, para o Hospital Pedro Ernesto, para PPC e para a Universidade de maneira geral.”, afirma Marcia.

Com produção de Lisandra de Oliveira e Lorrane Mendonça, do Rio de Janeiro para a Rádio Uerj, Lorrane Mendonça.