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Por Helena Gomes

O Colóquio Internacional Independência e Instrução na América e África: História, Memória e Formação acontece na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e é composto por 12 sessões quinzenais. O evento conta com a participação de professores de diversas regiões do Brasil e de outros países. A ideia é demonstrar a complexidade dos processos de emancipação das ex-colônias da Espanha e de Portugal, e problematizar a eleição de uma data para comemorar o dia da independência, como explica o professor José Gonçalves Gondra, organizador do colóquio: “É como se toda a população, naquela data, devesse lembrar que houve um herói, um ato, uma cena, e a gente acha que isso é muito redutor. E a gente pensa que essa memória coletiva acerca da construção das nações, ela deveria incorporar outros elementos, por exemplo as mulheres, as populações nativas, os negros, que também são agentes sociais e não estão nessa história que se conta tradicionalmente.”

Gondra ainda fala de outras formas de dominação presentes até hoje e, por isso, o assunto do colóquio é tão atual “As ideias de colonizador ou de projeto de colonização não foram interrompidas. E temos estratégias novas, mais refinadas e mais invisíveis de colonização.”

A “memória coletiva” é tema de muitas sessões do evento. Os professores José Cláudio Sooma Silva (UFRJ) e José Antônio Sepúlveda (UFF) falam sobre o Museu de Arte do Rio (MAR) e as obras do Porto Maravilha. Segundo Sooma, as datas dos 455 anos da cidade e do bicentenário da independência brasileira, que ocorrerá em 2022, foram aproveitadas para refletir quais histórias são realçadas  e para valorizar outras memórias “Isso nos parece bem interessante em relação ao tema do Colóquio, onde diferentes efemeridades, seja efemeridade da independência, ou a do bicentenário, ou a do sesquicentenário, como que esses diferentes usos parecem cada vez mais  serem mobilizados sob a lógica das ações de governo, que tencionam formar, organizar e educar a população de acordo com os seus interesses.”