Ter uma alimentação saudável durante a vida, fazendo as melhores escolhas dentro das possibilidades existentes e viáveis. Talvez isso seja mais real do que se imagina. A Universidade do Estado do Rio de Janeiro recebe a 1ª Conferência Internacional sobre Saúde e Nutrição Sustentável durante o Ciclo de Vida. O evento conta com a presença de pesquisadores, estudantes e profissionais de nutrição e outras áreas da saúde, do Brasil e do mundo, e tem o objetivo de propor alternativas para o alcance desse objetivo.

Em seus três dias de realização, de 19 a 21 de março, a conferência apresenta estudos recentes sobre como a alimentação influencia na vida pregressa, desde a concepção até a fase adulta, e demonstra que com mais informação e educação podemos mudar hábitos e prevenir uma série de problemas de saúde.

No Brasil, o consumo de alimentos pouco nutritivos ocorre principalmente pelo baixo custo, pela falta de informações e pela praticidade. Para Amanda Adegboye, idealizadora do encontro e professora convidada da Universidade Coventry, de Londres, as tendências por escolhas menos saudáveis são comuns no mundo inteiro. Mas a pesquisadora dá exemplos do que pode ser feito para mudar esse cenário.

“Talvez seria a consciência, talvez seria o entendimento de saber ler um rótulo, entender o que seria um alimento processado. Essa questão da educação nutricional talvez.“A mudança da legislação onde você põe a rotulagem na frente do pacote e não atrás, facilita muito. Está na sua cara, você consegue ler. As pessoas com dificuldade de visão, as pessoas mais idosas sentem muita dificuldade de virar atrás, olhar aquelas letrinhas super pequenas, para até entender o que é, então essa é uma diferença que na Europa, até no Reino Unido, a questão da legislação de alimentos e até da rotulagem mudou já tem tempo, e isso tem uma repercussão no comportamento do consumidor”, explica.

A reunião contou com a participação da audiência fazendo perguntas ou tecendo comentários sobre as apresentações dos profissionais, como a professora Berit L. Heitmann, da Universidade de Copenhagen, na Dinamarca. Heitmann apresentou um estudo detalhado sobre a prevenção da obesidade na infância destacando alguns hábitos simples, mas que podem ajudar, como diminuir o tempo de exposição às telas, o que reduz a ansiedade, aumento de atividades físicas e do tempo em família.

A professora Rosely Sichieri, do Instituto de Medicina Social da Uerj, exaltou a capacidade produtiva de alimentos do Brasil, terceiro maior do mundo. Ela enfatiza a importância da participação popular nas votações em tramitação no congresso, que beneficiarão uma alimentação mais saudável principalmente às populações menos favorecidas.

“O mais importante é votar essa nova lei que tem que pagar maior taxa para os produtos ultraprocessados e reduzir o preço dos produtos que são saudáveis, que são os vegetais, as frutas. Acho que esse é o grande divisor de águas, a gente está num momento em que o congresso está votando isso, então se a população quer ter produtos mais baratos, gente, vamos votar, vamos forçar os nossos deputados a passar essa lei. Tem muita indústria querendo que a lei não passe.”

A primeira Conferência Internacional sobre Saúde e Nutrição Sustentável ao Longo do Ciclo de Vida vai até o dia 21 de março, das 9h às 16h30, no campus Maracanã da Uerj. As palestras são realizadas no auditório 111 e nas salas do Instituto de Nutrição.

Com colaboração de Lorenna Rocha, do Rio de Janeiro para a Rádio Uerj, Cristina Lameira.