O acesso cada vez mais precoce à internet pelas crianças é motivo de preocupação para pais e responsáveis. Segundo relatório divulgado pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, a maioria das crianças brasileiras, em 2023, acessam a internet com até 6 anos. Em comparação a 2015, a maioria das crianças, 16%, se conectava aos 10 anos.

O fenômeno se torna alarmante devido à crescente exposição das crianças a conteúdos nocivos. De acordo com relatório publicado pela organização não governamental SaferNet, a quantidade de imagens de abuso e exploração sexual infantil disponíveis na internet aumentou em 70% nos primeiros meses de 2023, em comparação com 2022.

Angela Oliva, professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social da Uerj, explica que o acompanhamento dos pais é a medida protetiva mais importante:

“O controle dos pais em relação aos filhos pequenos deve ser o maior possível. Não se deve deixar a criança livre para entrar em qualquer aplicativo, receber mensagens, esse monitoramento tem que ser feito. Essa é a recomendação social dos órgãos reguladores. Mas é em casa que os pais precisam exercer essa responsabilidade, por mais que eles tenham atividades laborais. Então quando os pais saem, nesse momento, a criança não vai ter acesso às redes sociais. Ela pode acessar quando os pais chegarem em casa.”

Silvio Conceição, de 36 anos, é pai da Fernanda, de 12 anos, e do Theo, de cinco anos. Ele acompanha de perto os conteúdos consumidos por seus filhos na Internet e afirma que os menores de idade devem ser supervisionados:

“Muita gente vai dizer que é invasão de privacidade, mas eu acho que o dever do pai e da mãe é zelar pelo bem-estar do filho. Então, a partir do momento que são menores de idade utilizando redes sociais, a gente precisa eventualmente pegar o telefone, dar aquela bela fuxicada e ver se não tem nada errado.”

Conceição ainda destacou que proibiu seus filhos de acessar o TikTok:

“Existe uma plataforma vetada que é o Tik Tok. O motivo é muito simples, o Tik Tok é uma rede com menos filtros que o Instagram e ali você consegue ver de tudo: de cenas muito pornográficas a mortes trágicas, defuntos e por aí vai. Então Tik Tok, na minha opinião, não é para criança. Eles não deveriam ter acesso a isso.”

Os governos nacionais estão tomando medidas para proteger as crianças e adolescentes. No dia 19 de setembro, o Reino Unido aprovou um projeto que responsabiliza as plataformas, como Facebook e Instagram, pelos conteúdos publicados, incluindo aqueles divulgados por usuários. O projeto prevê multas bilionárias e até a prisão dos dirigentes das empresas que não excluírem o conteúdo rapidamente.

No Brasil, o Ministério da Justiça e Segurança Pública divulgou, em 13 de abril, uma portaria que determina a abertura de processo administrativo contra as plataformas de rede social, caso elas descumpram as regras de segurança em relação à propagação de conteúdos relacionados a ataques em escolas.

Outra medida tomada pelo ministério foi o lançamento, em 16 de outubro, de um guia digital para orientar os responsáveis a monitorar a navegação das crianças e adolescentes nas redes sociais. Para conhecer as recomendações, acesse o site bit.ly/plataformasseguras.

Do Rio de Janeiro para a Rádio Uerj, Eduardo de Souza.