Diversos estudos científicos ao longo do tempo já demonstraram que a prática de exercícios físicos proporciona uma série de benefícios à saúde. Ela previne e possibilita o controle de doenças cardiovasculares, câncer e diabetes, além da redução dos sintomas de depressão e ansiedade.

Porém, é comum que as pessoas se mostrem reticentes sobre a prática de atividades físicas por gestantes e puérperas, e um dos principais motivos é o surgimento de dúvidas relativas à segurança na realização dos exercícios. Guilherme de Jesús, professor adjunto de obstetrícia da Faculdade de Medicina da Uerj, afirma que a atividade física é segura para estes grupos e desconstrói alguns mitos sobre o assunto.

Sim, é bastante seguro. É um mito popular que o exercício físico pode precipitar abortamento ou então parto prematuro, mas isso não é verdade. Já foi demonstrado em vários estudos e até recomendamos o exercício para melhorar a condição física da gestante. Ela tem uma sobrecarga do coração, de vários órgãos por causa da própria gravidez, então o exercício é importante.”

A prática de atividades físicas também pode trazer benefícios para as mulheres em período de gestação e no puerpério, conforme ilustra o especialista.

Um dos principais benefícios é o desenvolvimento de um condicionamento físico para suportar a sobrecarga tanto do coração, como também do peso da barriga, do útero com um bebê, com líquido. Então ela consegue se movimentar, fazer suas funções diárias melhor quando ela faz os exercícios do que se não se exercitasse durante a gestação.”

A Organização Mundial da Saúde (OMS) sugere que gestantes e puérperas devem realizar, pelo menos, 150 minutos de atividade física semanal. A prática deve ser alternada entre exercícios aeróbicos e musculares.  No entanto, a própria OMS aponta algumas contraindicações para a realização de exercícios. Gestantes com risco de parto prematuro ou sangramento vaginal ativo não devem se exercitar. O médico aponta que estas condições não são causadas pelas atividades físicas, mas elas podem causar riscos para a continuidade da gravidez.

Suellen Freire, de 29 anos, seguiu à risca as recomendações da OMS. Mãe do Matteo, de 4 anos, e da Giovanna, de 1 mês, ela praticou crossfit até o oitavo mês da segunda gestação e afirmou que se sentiu muito melhor em relação à primeira gravidez.

“Na primeira gestação, além de ganhar muito peso, eu não tinha disposição para nada. Era a típica grávida que não conseguia fazer nada, que não conseguia subir uma escada, que ficava com falta de ar. E foi completamente ao contrário na gestação da Giovanna. Com sete meses de gravidez, eu estava correndo atrás do Matteo. Eu joguei bola com ele no dia anterior ao nascimento da Giovanna. Foi uma gravidez bem ativa.”

Suellen também ressaltou que já se exercitava há dois anos antes de engravidar novamente, e que a gestação não atrapalhou sua rotina de atividades físicas.

“Não senti nenhum incômodo. A minha disposição na gestação foi incrível, eu não me sentia grávida. Só passei por desconfortos comuns como azia e náuseas, mas tive muita disposição, eu fazia tudo.”

Apesar dos benefícios proporcionados, o professor Guilherme de Jesús alerta que as gestantes devem evitar atividades que gerem impactos no abdômen, como esportes de contato, ou que envolvam riscos de queda. Segundo o obstetra, os exercícios mais indicados são exercícios de leve intensidade, como caminhada, hidroginástica, pilates e musculação.

Do Rio de Janeiro para a Rádio Uerj, Eduardo de Souza.