O Ministério da Igualdade Racial, do Governo Federal, e a Uerj estreitaram seus laços na luta pela equidade no Estado do Rio de Janeiro. Em cerimônia realizada no dia 18 de junho no Teatro Noel Rosa, no campus Maracanã, representantes da pasta e da Universidade celebraram a assinatura de acordo de cooperação técnica. O pacto firmado por meio do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial, Sinapir, é um instrumento de institucionalização das políticas antirracistas. Sua principal característica é o fortalecimento de órgãos e conselhos de promoção da igualdade racial nas esferas regional e local.
O objetivo da iniciativa é implementar políticas de superação das desigualdades raciais e oportunidades para a população negra do Estado. Yuri Silva, secretário de gestão do Sinapir, explica como será a atuação da Uerj nesta parceria.
“A universidade tem um papel essencial na construção de pesquisas e de indicadores para possibilitar que o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial possa aferir, possa medir o sucesso das políticas públicas dos territórios. E a Uerj, com a tradição que tem na pauta antirracista, sendo uma das universidades que primeiro implementaram a política de cotas no nosso país, tem um cabedal para ser uma dessas parceiras na produção de conhecimento e de informações qualificadas, a partir do que nós construímos no Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial.”, aponta Yuri.
As políticas formuladas a partir dos dados e estudos do Sinapir também serão voltadas para as áreas de sustentabilidade dos modos de vida das populações quilombolas. Um dos papéis da Uerj no Sinapir será oferecer seus conhecimentos técnicos e científicos para mapear esses territórios no Estado, coletando dados e possibilitando a criação e implementação de políticas públicas para estes grupos. A ministra Roberta Eugênio ressalta a importância dos programas de extensão para esse objetivo.
“Uma das nossas principais atuações é dentro do Programa Quilomba Brasil, e também do Plano Nacional de Gestão Territorial e Ambiental Quilombola, o PNGTAQ. O PNGTAQ é um plano que visa junto com as comunidades quilombolas elaborar os planos de gestão territorial e ambiental, a partir dos saberes dessas comunidades. Pensar na formulação de planos de gestão territoriais e ambientais através dos programas de extensão é uma parceria que a gente espera que possa ser profícua também com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro.”, destaca Roberta.
A Uerj é a primeira universidade fluminense a ser integrada ao Sinapir, por meio de cooperação técnica. O pioneirismo no sistema de cotas, que existe há 20 anos, e na adoção do período noturno, possibilitando o ingresso de estudantes negros e trabalhadores em uma universidade, foram os principais fatores que contribuíram para a escolha. A superintendente de Equidade Étnico-Racial e de Gênero da Uerj, Patrícia Santos, ressalta que é hora de ir além nessas ações.
“A gente está num momento de avançar nessas políticas. De avançar tanto nas políticas de cotas, de pensar como que as políticas de cotas têm sido implementadas, de olhar para os estudos que já vêm sendo desenvolvidos, como também pensar, por exemplo, num vestibular específico para os quilombolas, que é uma discussão que a gente está fazendo junto à outras universidades. Como é que a gente avança, tanto na inserção, como na permanência, e mesmo na saída, porque muitas vezes a gente não pensa na saída, e a gente também têm que pensar nos egressos. Como são esses egressos da política de cotas.”, avalia Patrícia.
Durante o evento, a reitora da Uerj, Gulnar Azevedo e Silva, ressaltou o pioneirismo da Uerj em políticas de ações afirmativas e reafirmou que deseja sucesso para a parceria firmada.
Com colaboração de Diedro Barros, do Rio de Janeiro para a Rádio Uerj, Cristina Lameira.