Com o Teatro Odylo Costa, filho, lotado, a comunidade uerjiana celebrou, no último dia 19, a transmissão dos cargos de reitoria, a posse dos pró-reitores, dos diretores de centros setoriais e dos dirigentes da administração central para o próximo quadriênio.

A história da reitora Gulnar Azevedo e Silva na Universidade começou muito cedo. Seu ingresso na casa foi em 1973 pela  Faculdade de Ciências Médicas, FCM, onde decidiu se tornar sanitarista. Teve participação importante na reabertura do Centro Acadêmico do seu curso e, após formada, retornou à instituição como diretora do Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro entre 2016 e 2020. 

Em 73 anos de instituição, ela é a segunda mulher a ocupar esse lugar. A primeira foi Nilcéa Freire, também da FCM, entre 2000 e 2003. Em seu discurso, a reitora ressaltou a importância da  ocupação desses espaços de poder na luta pela igualdade racial e de gênero, e na implementação de medidas para redução das desigualdades socioeconômicas.

“Dos 22 reitores, eu sou a segunda mulher, isso significa que estamos conquistando os nossos espaços e que temos que abrir mais espaço para que outras mulheres possam assumir e ter esse cargo de liderança. A gente vai criar uma Superintendência Racial e de Gênero para garantir que esse espaço seja de fato um direito de todas nós, uma conquista social”, destaca a reitora.

Seguindo esse compromisso, o evento foi apresentado por três mulheres da Faculdade de Comunicação Social: Brenda Ferreira, ex-estudante e atual servidora da Uerj, e as alunas convidadas Alice Santos e Maria Clara Pitanga, da graduação em Relações Públicas.

Outras vozes femininas se fizeram presentes na cerimônia, como Nísia Trindade, ministra da Saúde e primeira mulher a gerir a pasta. Egressa da Uerj, presidente da Fiocruz entre os anos de 2017 e 2022, e professora colaboradora da Universidade, ela enfatizou a relevância da busca por mais equidade, sobretudo, em cargos de tomada de decisão.

“Eu acho que é muito importante estarmos nessas posições. Isso deve ser uma luta das mulheres, mas de toda a sociedade no campo progressista porque assim teremos uma sociedade mais democrática. Estou vindo de Davos, do Fórum Econômico Mundial, lá foi lançada uma aliança estratégica para a saúde da mulher e um dos pontos bastante colocados foi essa presença das mulheres nos cargos de gestão”, declarou Nísia Trindade.

Também discursaram as pró-reitoras Elizabeth Macedo, de Pós-graduação e Pesquisa (PR2), e Ana Maria Santiago, de Extensão e Cultura (PR3). Juntas, elas falaram sobre o objetivo de aproximar e integrar todas as pró-reitorias, unindo a pesquisa, a extensão, a graduação, a pós-graduação e as políticas de assistência estudantis.

Pioneira em diferentes medidas inclusivas, como a implementação do ensino noturno e do sistema de cotas, a Uerj também foi a segunda instituição universitária a possuir um hospital de clínicas voltado para o ensino, além de tocar um extenso número de projetos com a participação da sociedade.

Para o professor Daniel Pinha, pró-reitor de Políticas e Assistência Estudantis (PR4), ter um programa de inclusão consolidado é fazer com que as pessoas pensem a Universidade em todas as suas escalas, desde os alunos até as lideranças. Nesse sentido, ele conta que um dos desafios agora é justamente fazer com que a pluralidade de pessoas esteja presente em todas as instâncias da Uerj.

“A PR4, de algum modo ataca todas as vulnerabilidades, todas as formas de opressão que a gente vê na sociedade e que repercutem na universidade, como a diversidade de gênero e de raça. Então, entendemos que é um desafio fazer com que todos esses grupos possam ser atendidos e incluídos em todos os espaços de poder da universidade”, esclarece Pinha.

Com colaboração de Eduardo Moncken e Diedro Barros, do Rio de Janeiro para a Rádio Uerj, Lorenna Rocha.