Apesar de muitas promessas, o restaurante popular do Maracanã, na Zona Norte do Rio, não será reaberto até 2022. Antes do fechamento, em 2009, o espaço servia cerca de 1.500 refeições diariamente, incluindo café da manhã e almoço, cobrando apenas um real.

De acordo com a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos os restaurantes que serão reabertos até 2022 são : da Central do Brasil, Cidade de Deus, Irajá, Madureira e Méier.

A decisão se deu em resposta às cobranças da Frente Parlamentar contra a Fome da Câmara de Vereadores, que tem feito vistorias nos cinco restaurantes populares fechados em 2016 e nos únicos três que ainda estão em funcionamento em péssimas condições: o de Bangu, Bonsucesso e Campo Grande. De acordo com a nutricionista da UFRJ e membro do Conselho Estadual de Segurança Alimentar, Renata Machado, os restaurantes populares são de extrema importância diante da volta do Brasil ao mapa da fome:

“Nesse cenário que é a gente tá de volta ao mapa da fome,  é extremamente importante a gente ter os restaurantes populares e equipamentos públicos de segurança alimentar funcionando. A população mais carente, muitos não tem aonde recorrer, onde fazer sua alimentação. Nas regiões centrais, por exemplo, no centro da cidade do Rio de Janeiro um local de extrema necessidade e tem muita gente que não tem onde se alimentar. São trabalhadores, são pessoas de baixa renda, é população em situação de rua, pessoas que realmente precisam que ficam o dia inteiro ali e não tem nenhum recurso pra se alimentar. Então, os restaurantes populares são de fundamental importância”.

O restaurante de Bonsucesso, apresenta goteiras, infiltrações, má qualidade da comida e sujeiras. A cozinha ainda conta com a proximidade de caixas de esgoto entupidas. Além dos problemas estruturais, o restaurante não possui medidas sanitárias contra a Covid-19. Para a nutricionista Renata Machado, é muito importante que se siga à risca as regras de funcionamento.

“É bastante importante que nesses restaurantes populares, esses equipamentos públicos, eles tenham todas as condições sanitárias de funcionamento a prefeitura do Rio de Janeiro criou as Regras de Ouro que precisam ser seguidas. Mesmo em situação de pandemia, em situação que a gente tem um risco de doença circulando, é possível atender as pessoas com segurança. E cumprindo os regulamentos é possível atender e atender com segurança. E que essas pessoas tenham acesso, tenham onde se alimentar e de forma segura sempre”.

Apesar do processo de municipalização dos restaurantes populares em 2016, a Prefeitura do Rio, por meio da Secretaria de Trabalho e Renda (SMTE), em nota, declarou que o prédio onde funciona o Restaurante Popular de Bonsucesso pertence ao Governo do Estado do Rio de Janeiro. Assim sendo, cabe ao Estado realizar os reparos necessários.

O restaurante popular de Campo Grande também se encontra com graves problemas estruturais. A última vistoria da Frente Parlamentar, em outubro deste ano, também constatou que o restaurante não abre mais aos fins de semana e reduziu de 4 mil refeições diárias para 1,5 mil.

Mesmo em meio a volta do Brasil e do Rio de Janeiro do ao mapa da fome, o prefeito Eduardo Paes (PSD) cortou R$ 2,2 milhões do orçamento destinado à manutenção dos três restaurantes populares que sobraram na cidade.

“A situação econômico-financeira tanto do estado do Rio de Janeiro quanto dos municípios a gente sabe que vem passando por reestruturação, passando por momentos de crises que tivemos cortes, mas é preciso priorizar.  A gente ajustar o orçamento sim! O Estado e o Município precisam funcionar sim! Mas as pessoas precisam comer. É preciso priorizar a vida das pessoas. A fome ela não pode esperar. Então é preciso que a alimentação da população entre como prioridade e que não seja cortada dos nossos orçamentos”.

O corte orçamentário não só afeta a infraestrutura dos restaurantes, como também a quantidade de comida servida para a população que mais precisa nesse momento.

Ainda segundo o governo do Estado, outras cinco unidades serão criadas nas localidades da Rocinha, Complexo da Maré, Complexo do Alemão, Manguinhos (Jacarezinho) e Santa Cruz. Também foi anunciada para o próximo ano, a reforma do restaurante popular de Bonsucesso.

Do Rio de Janeiro para a Rádio Uerj, Maria Júlia Melo

Crédito da imagem original:
Prefeitura Municipal de Volta Redonda