O Instituto Marielle Franco promoveu o “Seminário Internacional 5 anos de luta por justiça por Marielle e Anderson”, sediado no Teatro Odylo Costa Filho, na Uerj.  O evento ocorreu nos dias 20, 21 e 22 de setembro e marcou os mais de 2 mil dias das mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, ocorridas em 14 de março de 2018.  O encontro reuniu juristas e membros de organizações da sociedade civil para discutir sobre direitos humanos e debater a violência motivada por questões de política, gênero e raça.

Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial e irmã de Marielle, afirmou que a violência política contra mulheres não é uma exclusividade do país.

“A violência política não assola só as parlamentares brasileiras. A gente foi na Colômbia e também tem casos, assim como em Portugal e na Espanha. Então essa é uma maneira que eles encontram de cada vez mais tirar as mulheres desses lugares de protagonismo, principalmente na política, onde insistem em dizer que não é para a gente, mas que temos chegado cada vez mais. A violência política tem que ser combatida imediatamente e eu espero que tenhamos leis mais firmes contra isso”, destacou a ministra.

A mesa de abertura do seminário teve a presença dos familiares das vítimas. Antônio Neto, pai de Marielle, destacou a violência policial nas comunidades, alegando que muitas crianças e jovens não chegam aos 38 anos, idade na qual a vereadora foi morta. Luyara Franco, filha de Marielle e aluna da Uerj, afirmou que fazer justiça pela ex-parlamentar também envolvia lutar contra a aprovação de projetos como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 9 de 2023. A medida prevê a proibição de sanções aos partidos pelo descumprimento da cota mínima de candidaturas femininas até as eleições de 2022 ou pelas prestações de contas anteriores a 5 de abril do mesmo ano.

Agatha Arnaus, viúva de Anderson Gomes, destacou a importância do seminário na busca por justiça pelo ex-motorista, Marielle e por todas as vítimas que lutavam pelos direitos humanos. Vereadora do Psol e viúva de Marielle, Mônica Benício ressaltou o legado da memória da política.

“A gente tem a memória da Mariele, hoje, se tornando um símbolo de representatividade, de esperança. E isso se dá a uma construção coletiva de uma sociedade que não acatou a barbárie da noite do 14 de Março de 2018, que não acatou o silêncio e a violência como método de fazer política. Mas, pelo contrário, de uma maneira coletiva, transformou a imagem da Marielle nesse símbolo de resistência, de inspiração, de luta e que é dessa luta que Marielle encarnava no seu corpo, na sua trajetória.”, declarou Mônica.

No último dia do evento, houve a inauguração de uma placa com o rosto de Marielle Franco na Concha Acústica. Cláudia Gonçalves, reitora em exercício da Uerj, destacou a importância do evento para a universidade.

“É uma importância incomensurável. Não temos como medir cinco anos, mais de dois mil dias, do assassinato de uma vereadora que tinha 39 anos, que estava um ano e três meses no parlamento, uma mulher que fez política com afeto, uma mulher que sorria, que abraçava, que tocava as pessoas”, relembrou Cláudia.

A Concha Acústica da Uerj foi batizada com o nome de Marielle Franco em agosto de 2018. A renovação da homenagem visa preservar a memória de uma parlamentar negra, lésbica e periférica que foi vítima de um crime político.

Com colaboração de Diedro Barros, Eduardo de Souza e Thalyta Mitsue, do Rio de Janeiro para a Rádio Uerj, Carlos Cavalcante.