Já parou para pensar que as cores influenciam nossas escolhas diárias, seja para ambientes, roupas ou até mesmo para sinalização? Todas essas preferências constituem uma ciência, a Teoria das Cores. De acordo com Paloma Carvalho, professora do Instituto de Artes da Uerj e especialista em poéticas da cor, a teoria consiste na relação entre cor e luz, juntamente com os nossos processos de interpretação e cognição. Além disso, as cores são muito relevantes na construção de reflexões sobre as questões do cotidiano. 

“A importância da gente estudar teorias variadas sobre a cor tem a ver com a percepção, com os regimes de atenção que estão sendo cada vez mais mecanizados impedindo que a gente exerça uma autonomia de pensamento e reflexão crítica. Por exemplo, sentar pra desenhar faz você acalmar e começar a perceber as coisas de fato, ao invés de reproduzir uma verdade que foi dita, que foi ensinada e sobre a qual você não exerceu uma atitude crítica e reflexiva sobre ela”, elucida Paloma.

Além de estar presente em diversas áreas do saber, como medicina, psicologia, artes, design e na própria comunicação, também notamos toda a elegância das cores em nosso cotidiano, como na moda e no carnaval. Ou seja, estamos a todo momento atravessados por esse conceito sem perceber. No entanto, esse equilíbrio não surge sem um fundamento.

Segundo a Academia Brasileira de Arte, após o físico Isaac Newton ter se aprofundado no tema, surgiu o círculo cromático. Ele é composto por 12 cores, sendo três primárias, três secundárias e seis terciárias, como você já deve ter ouvido na escola. Outro ponto importante é que cada cor possui três propriedades: a primeira é o matiz, que diz respeito à tonalidade; a segunda é a saturação, que refere-se à pureza; e a terceira é o brilho, que define a luminosidade da cor. Esta união, por sua vez, demonstra como o círculo cromático é uma maneira simples de identificar como o olho humano enxerga as cores, e de que maneira elas podem ser combinadas de forma harmoniosa nos elementos.

Partindo para um lado mais subjetivo do assunto, a professora Edna Ponciano, do Instituto de Psicologia da Uerj, explica que a psicologia das cores é o campo que compreende a relação particular do indivíduo com a cor. “Então se eu to sendo criada em uma cultura oriental, o branco pra mim vai representar o luto, a perda e aí vai representar a tristeza. E se eu to numa cultura ocidental é o contrário, é o preto que representa o luto e a tristeza”, esclarece a especialista.

Para Ponciano, a representação das cores também pode interferir na comunicação interpessoal, expressando sentimentos de maneira intencional ou não. “As cores têm esse efeito para dizer: olha tô bem, tô mal ou tô mais ou menos ou to neutro. E isso é uma forma da gente poder sinalizar, interagir melhor. Nesse sentido, a gente também pode representar mal esses sentimentos, né. A gente pode concluir mal, porque isso não é tão objetivo. É preciso que a gente conheça a história da pessoa pra saber como ela se relaciona com aquela cor”, reflete a professora.

Já no campo da publicidade, a cor passa a ter função de ajudar na clareza da mensagem que deseja ser transmitida. Segundo a professora Barbara Szaniecki, da Escola Superior de Desenho Industrial da Uerj, todas as cores têm suas próprias histórias e não há um produto tangível ou uma identidade visual de alguma marca que não passe, primeiramente, por um estudo cromático.

“Por exemplo, o vermelho que hoje a gente vê muito utilizado tanto em bancos, mas também em movimentos revolucionários, cores partidárias, ele tem uma história… O azul também é uma cor que tem a sua história muito relacionada a virgem Maria, uma história religiosa mas que hoje ela é muito apropriada por empresas do setor tecnológico”, exemplifica a docente.

E essa pesquisa sobre o histórico e as utilidades das cores, realizada por alunos ou profissionais de design, é pensada justamente para ter efeito no consumo. “E que hoje ao serem aplicados no ambiente corporativo das empresas, das marcas e dos produtos eu acho que o aluno vai perceber como isso vai impactar para o possível comprador. Inicialmente, para o próprio empresário aquilo que ele quer significar e aquilo que o próprio consumidor vai detectar no uso daquela cor”, conclui a especialista.

Do Rio de Janeiro para a Rádio Uerj, Lorenna Rocha.