A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) celebrou, no dia 24 de agosto, o descerramento do mural em homenagem ao centenário da ceramista pernambucana Ana das Carrancas, que foi escolhida para o Ano Comemorativo de 2023. O evento aconteceu no hall do térreo do campus Maracanã, e contou com a presença das filhas da artesã, Maria da Cruz e Ângela Lima, e de autoridades, além da apresentação do coral Altivoz da Uerj.
Ana Leopoldina dos Santos nasceu em 18 de fevereiro de 1923, no estado de Pernambuco, e faleceu em 2008. Ainda na infância aprendeu a moldar o barro e a vender louças com a sua mãe. Por conta da pobreza e das persistentes secas na região, a família precisou sair do sertão de Araripe para o município de Petrolina. Ângela Lima destaca as principais lições deixadas por sua mãe.
“A resiliência. E a persistência também. Ela foi uma mulher que perseverou, mesmo apesar de todo o sofrimento, e conseguiu vencer na profissão que ela escolheu.”, afirma Ângela Lima.
A carranca é uma escultura de madeira com aparência humana e mal-humorada. A mesma era utilizada na proa de embarcações que navegavam pelo rio São Francisco, com a intenção de afastar os maus espíritos. Claudia Gonçalves, pró-reitora de Extensão e Cultura, ressalta que as obras de Ana das Carrancas são diferentes de outros amuletos.
“As Carrancas da Ana são as Carrancas do Nordeste. Não são as Carrancas Vikings, que ela não estudou. Não são as Carrancas que estão em outras partes do Sudoeste asiático. As Carrancas da Ana das Carrancas são a genuína concepção mental do que ela entende como algo para proteger do mal e espalhar o bem.”, enfatiza Cláudia.
Para a professora Cláudia Gonçalves é fundamental festejar a arte de uma personalidade nordestina como Ana das Carrancas, também conhecida como a Dama do Barro.
“Instaurar o ano institucional da Universidade Estado do Rio de Janeiro Ana das Carrancas é um reconhecimento e uma reparação de um abandono sem explicação, porque tem muita arte e muita cultura em cada uma dessas feiras do Nordeste.”, afirma a pró-reitora.
Maria da Cruz, que também é ceramista e dá continuidade ao legado das Carrancas junto com a sua irmã Ângela, diz que é comovente ver a história da sua mãe sendo homenageada na Uerj, e que Ana das Carrancas conseguiu deixar registrado o seu nome na história.
“Para mim é maravilhoso, porque fico emocionada e ao mesmo tempo alegre. Eu estou vendo ela do céu, sorrindo pra mim, dizendo: ‘minha filha, é por aí, é assim que a gente tem que andar’. E hoje eu fico arrepiada, com o coração balançando de alegria, porque ela chegou onde queria, marcou o nome não só na história do Brasil, mas também na de outros países.”, afirma Maria.
Para saber mais sobre a história e o trabalho da ceramista homenageada pelo Ano Comemorativo da Uerj, ouça o podcast “Especial do Barro à Vida: o Centenário Ana das Carrancas”, produzido pela Rádio Uerj. O programa está disponível no site cte.uerj.br.
Com colaboração de Lisandra de Oliveira, do Rio de Janeiro para a Rádio Uerj, Lorran Rosa.