Com mais de 16 mil casos relatados em 75 países, a Organização Mundial de Saúde, OMS, declarou no dia 23 de julho que a varíola dos macacos é um caso de emergência de saúde global. No Brasil, o Ministério da Saúde começou a tratar a doença como um “surto”, pois o país já contava com mais de mil casos.

A varíola dos macacos, também conhecida como “Monkeypox”, é uma doença viral e sua transmissão ocorre entre humanos ou animais infectados. O contágio humano ocorre principalmente através do contato com as lesões da pele, mas também por secreções respiratórias e pelo compartilhamento de roupas e objetos da pessoa infectada.

Durante a entrevista coletiva em que a OMS atualizou a situação da epidemia no planeta, o diretor-geral da organização, Tedros Adhanom, afirmou que o risco de infecção da doença pelo mundo é médio, exceto na Europa, onde é elevado. Além disso, informou que é possível controlar a transmissão da varíola dos macacos a partir das ferramentas disponíveis.

Segundo a OMS, a grande maioria dos casos têm apresentado sintomas como lesões na pele, febre, dores musculares, calafrios, vômitos, dores na garganta e na cabeça. O influencer Doug Mello, que estava infectado pela varíola dos macacos, contou que, além das lesões, febre e dor no corpo, sentiu muitas dores nas costas.

“No final, eu já não tinha mais dor no corpo e não tinha mais febre. Isso foi só, tipo, nos primeiros 5/6 dias. […] E a dor no corpo era principalmente nas costas, chegava ao ponto de não conseguir ficar em pé de tão forte que era a dor. Não é uma simples dor nas costas. […] E aí você só tem a alta mesmo, da varíola dos macacos, a partir do momento que a sua pele estiver normal novamente. Aonde você tinha as feridinhas, tipo, não ter mais nenhuma marca.”

A OMS divulgou que a doença é endêmica na África, ou seja, tem recorrência de casos na região, principalmente nas partes central e oeste do continente. Ainda segundo a organização, mesmo que haja transmissão comunitária pelo mundo, é pouco provável que a varíola dos macacos se torne uma pandemia.

De acordo com a infectologista Tânia Vergara, a transmissibilidade da doença é menor que a da Covid-19 e sua letalidade é baixa, de cerca de 3 a 6%. Para a especialista, como há uma eficácia cruzada da vacina da varíola humana com a varíola dos macacos, é necessário que as autoridades sanitárias prezem pela vacinação dos grupos de risco, que seriam os profissionais de saúde na linha de frente do atendimento aos infectados.

“As pessoas que têm mais de 50 anos são vacinadas contra a varíola e existe uma proteção cruzada para a varíola dos macacos. Aquelas que estão entre 40 e 50 anos, a maior parte não recebeu a vacina. Então essas pessoas estão vulneráveis e o principal cuidado deveria ser a orientação para aquela pessoa que apareceu com febre, com gânglio, com dor de cabeça ou com lesões de pele, deve procurar assistência médica, ligar para os serviços de notificação, os CIEVS (Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde), e se isolar até que seja descartado que ela esteja infectada com o vírus da varíola dos macacos.”

Como a maioria dos laboratórios estão focados na produção da vacina contra a COVID-19 e não há imunizantes suficientes para toda a população, a infectologista indica que o isolamento de pessoas com casos suspeitos é uma das melhores formas de combater a doença. Além disso, também é importante a notificação imediata do diagnóstico para as autoridades sanitárias e o amparo para pacientes que avançarem para casos graves. 

No mesmo dia em que a OMS declarou a varíola dos macacos como emergência de saúde global, o Ministério da Saúde informou que faz buscas para comprar um imunizante específico contra a doença. Porém, só há um laboratório que fabrica essa vacina em todo mundo, a empresa dinamarquesa Bavarian Nordic, que não tem representante no Brasil. Em nota, o ministério disse também que a OMS está agindo junto ao laboratório para ampliar, de forma global, o acesso ao imunizante nos países com casos confirmados da doença.

Do Rio de Janeiro para Rádio Uerj, Yan Ney.