Sob a temática “Ciência e Tecnologia”, o segundo dia de palestras da iniciativa Uerj com RJ, apresentou quatro projetos científico-tecnológicos inovadores que impactam o desenvolvimento social e a luta pela preservação ambiental do planeta. O evento, sediado no Teatro Noel Rosa, no campus Maracanã da Uerj, foi mediado por Claudia Jurberg, assessora de imprensa da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, Faperj.

Anderson Namen, pesquisador do Instituto Politécnico da Uerj, apresentou o projeto “Um modelo de cidade inteligente mitigador de impactos ambientais com o uso da compostagem de resíduos orgânicos”. Este modelo aplica inteligência artificial para facilitar, dinamizar e automatizar o processo de coleta, análise, tratamento e reutilização de materiais orgânicos, reduzindo seu impacto no meio ambiente. O profissional explica a importância do processo de compostagem.

“O lixo que a gente produz metade é resíduo orgânico. A ideia de você fazer a compostagem é transformar o lixo em algo que tenha valor. Você gerar fertilizante, e aí você está evitando o envio de resíduo para o aterro sanitário, então você tem uma série de vantagens, você diminui a emissão de gases de efeito estufa, que são responsáveis pelas mudanças climáticas. Então tem uma série de vantagens, mas fundamentalmente, o principal é, você transforma lixo em luxo”, analisa Anderson.

Em seguida, Cesar Amaral, pesquisador do Programa Antártico Brasileiro, Proantar, e membro do projeto Criosfera-1, discursou sobre o tema “Entre o Criosfera e Ipanema: tecnologias antárticas para um mundo tropical”. Desde 2014, por meio da superestrutura do Criosfera-1, a universidade promove expedições para observar, coletar dados analíticos e orgânicos da Antártica, e envia os resultados em tempo real para a instituição. Há 42 anos, a Uerj integra equipes mundiais que se dedicam a estudar o continente antártico e os impactos das mudanças dessa região no Brasil. César comenta o diferencial da universidade em fazer parte desta iniciativa.

“A Uerj participa do programa Antártico desde a primeira “operação Antártico” no verão de 82. Então a Uerj sempre esteve envolvida no programa antártico nacional que é a operação científica mais longeva do Brasil. A gente está num país tropical, você formar um grupo de pesquisadores polares, com interesse em regiões polares, não é uma coisa muito trivial, então a Uerj, aqui no Rio de Janeiro, é um desses pontos em que a gente consegue formar expertise, a gente consegue formar pessoas que têm essa percepção do mundo de uma forma mais globalizado”, afirma César.

O pesquisador Jorge Lopes, do Laboratório Biodesign, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, PUC-Rio, demonstrou, através do tema “Biodesign Lab, tecnologias 3D para pesquisas em medicina”, como a tecnologia de impressão 3D é aplicada e o impacto desta tecnologia para a área médica.

“Você consegue materializar exames, projetos, você consegue visualizar de outra forma. É o que mais se aproxima do real que nós temos, ao invés de ser uma simulação virtual, que também é importante, mas quando você tem um modelo físico, se aproxima muito do que você entende, mentalmente falando. Por exemplo, no meu caso a gente imprime cérebros, ossos, coisas assim, então tanto para a equipe cirúrgica quanto para os médicos, até mesmo os pacientes é o que é mais próximo deles, então fica fácil a compreensão”, explica Lopes.

O encerramento do ciclo de palestras foi com Jefferson Gois, pesquisador do Departamento de Química Analítica da Uerj, que trouxe o tema “Métodos ultrassensíveis para a determinação de poluentes em água”. O grupo coordenado pelo profissional analisa a qualidade da água potável a partir da identificação de diferentes substâncias microscópicas que podem ser tóxicas para os seres humanos, por exemplo, os microplásticos, utilizando as técnicas analíticas de espectrometria atômica, as cromatográficas e a quimiometria. Gois pontuou a importância e a necessidade de fazer uma análise tão minuciosa.

“O mais importante é a gente conseguir ver esses contaminantes em água. Tanto em água quanto em outras matrizes. A gente também trabalha com outros alimentos, com solo. A questão é a seguinte, as concentrações são muito baixas às vezes, o que tem em concentração alta é mais fácil de detectar. Muitos indícios que essas concentrações baixas, bioacumulam, biomagnificam e no final, aquilo acaba sendo um problema muito grande e a gente não viu. Pela quantidade que a gente consome, isso pode ser um problema muito grande para a gente. Hoje em dia temos muitas doenças, muitos problemas que às vezes nem sabemos o que está acontecendo, nem sabemos o porquê, e a principal causa que às vezes não sabemos é porque a gente não consegue ver, porque passa invisível se você não tem técnica para vê-lo”, conclui Jefferson.

Com colaboração de Thalyta Mitsue, do Rio de Janeiro para a Rádio Uerj, Lorran Rosa.